Mercado aposta em continuidade e 'ignora' eleição

Pela primeira vez desde que o Brasil voltou a realizar eleições diretas para a Presidência da República, o mercado financeiro passou incólume por uma campanha.[...]


Do começo do ano até sexta-feira, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) apresentava valorização de 2,4%, a 70 229 pontos. Segundo especialistas, o desempenho só não foi melhor por causa das tensões provocadas pela crise da Grécia durante grande parte do primeiro semestre e da capitalização da Petrobras, que derrubou os preços das ações da estatal.


Outro importante termômetro do humor dos investidores, o dólar acumulava até sexta-feira queda de 3,7%, a R$ 1,679. "A eleição foi um não-evento", sintetiza a principal executiva da Fator Administração de Recursos, Roseli Machado, recorrendo a uma expressão comum no mercado para classificar um fato desimportante para os investidores.


A explicação para a calmaria inédita passa pela certeza de que os chamados pilares macroeconômicos serão mantidos no próximo governo: metas de inflação, câmbio flutuante e superávits fiscais que garantam a redução da dívida pública no médio e longo prazos. Para economistas, esse tripé é o grande responsável pelo crescimento com estabilidade nos últimos anos.
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Na medida em que o País define o que se chama tecnicamente de regime de política econômica, explica Padovani, as eleições passam a ser um evento comum. Ele compara com o que costuma ocorrer nos EUA. Lá, diz, o mercado financeiro não fica nervoso nem quando há grandes polêmicas eleitorais. O economista cita como exemplo a primeira eleição de George W. Bush, no ano 2000, definida após acusações de fraude em alguns Estados.


A tranquilidade com que os profissionais falam do presente se converte em preocupação quando tratam do futuro. Sozinho, o tripé macroeconômico não garante um crescimento adequado para um país como o Brasil no longo prazo. "Temos de retomar uma política fiscal mais dura", afirma, por exemplo, o economista-chefe do Barclays Capital, Marcelo Salomon.


Para ele, o governo brasileiro ganhou uma espécie de licença para gastar nos últimos dois anos por causa das políticas de reação à crise e porque, comparada com vários países (inclusive desenvolvidos), a situação fiscal brasileira é melhor. Mas ele alerta que tal cenário não vai durar para sempre.
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Fonte: Jornal Estado de Minas

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